domingo, 24 de agosto de 2014

Nilma Rodrigues: Acesso ao tratamento de artrite reumatoide enfrenta obstáculos

12/08/2014 02h00
Gargalos em toda a cadeia de fornecimento, diagnóstico e tratamento têm elevado a resistência à adesão ao tratamento de artrite reumatoide no Brasil. De acordo com estudo sobre a prevalência das doenças reumáticas no país, publicado em 2004 pelo COPCORD (do inglês "Community Oriented Program for Control of Rheumatic Diseases", em português programa orientado para as comunidades para o controle de doenças reumáticas), da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de um milhão de brasileiros sofrem com a doença.

Embora atinja uma parcela menor da população se comparada a outras enfermidades mais conhecidas, a artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica que ataca principalmente as articulações de todo o corpo e pode se desenvolver em outros órgãos. Se não for tratada adequadamente, a doença pode impossibilitar uma vida regular e, em muitos casos, causar invalidez. Por isso a agilidade no acesso de pacientes a programas governamentais de tratamento é urgente.

Uma das causas do problema de adesão no Brasil é a dificuldade de acesso às medicações, causada pela falta de alinhamento entre as secretarias estaduais de saúde para aprovação de terapias devido a diferentes interpretações do conteúdo dos protocolos de tratamento. Outro agente desmotivador que leva o paciente a abandonar os cuidados com a necessária regularidade é a dificuldade de deslocamento para tratar e conseguir o medicamento adequado. Em ambos os casos, o que se observa é a dificuldade e consequente demora no atendimento destes pacientes.

No Estado de Minas Gerais, por exemplo, o problema do acesso ainda enfrenta obstáculos burocráticos que têm levado a uma demora de até 120 dias para conseguir o remédio, enquanto na maioria dos Estados brasileiros a média é de 30 dias. A Bahia é outro Estado que também enfrenta graves problemas, com a excessiva centralização do diagnóstico e dispensação de medicamentos restritos à cidade de Salvador.

No Brasil, depois de muita luta, somente no meio do ano passado conquistamos a aprovação do novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que estabelece critérios de diagnóstico e de tratamento da doença com as respectivas doses adequadas e os mecanismos para o monitoramento clínico.

A chegada de novas gerações de medicamentos é uma notícia positiva para uma doença pouco valorizada quando se trata de políticas públicas ou de procedimentos de atendimento ambulatorial. Mas é necessário investir em conhecimento sobre a falha, substituição terapêutica e custos para obter melhores alternativas para o tratamento e qualidade de vida do paciente.

Ter remédio é importante, mas para quem sofre com a artrite reumatoide agilidade é fundamental. Conforme o novo PCDT, o tratamento deve ser começado o mais rápido possível, pois o período inicial da doença, principalmente no primeiro ano, é o espaço de tempo em que uma intervenção farmacológica efetiva pode mudar o curso da doença. Além disso, o diagnóstico precoce é fundamental para instituir os cuidados adequados e pode ser fator determinante para manutenção de um estilo de vida normal e produtivo. Em alguns casos, a detecção tardia pode tornar o curso da doença irreversível.

Se conseguirmos promover esse atendimento com eficiência, além de oferecer uma qualidade de vida excepcional para o paciente, é possível economizar, pois o custo de manutenção do tratamento cairia com o diagnóstico e início rápidos. Para isso, é fundamental disponibilizar uma grande variedade de opções de medicamentos, derrubar o custo e facilitar o processo de distribuição e acesso aos tratamentos mais modernos.

NILMA RODRIGUES DE OLIVEIRA, 56, é portadora de artrite reumatoide e presidente da Associação Nacional de Grupos de Pacientes Reumáticos (ANAPAR)
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sexta-feira, 1 de agosto de 2014


Reportagem


Mais de 150 mil pessoas enfrentam a artrite reumatóide na Bahia.


          Click no link para assistir a reportagem: Artrite reumatoide



Fonte:  http://g1.globo.com/videos/bahia/bahia-meio-dia